Foto: Divulgação
O ator baiano Wagner Moura, que em breve estreia a série “Narcos”, na Netflix, e se prepara para dirigir um filme sobre Carlos Marighella,
falou sobre seu interesse pela política brasileira. Em entrevista à
Folha de S. Paulo, ele contou que a ideia de fazer a cinebiografia do
líder guerrilheiro de esquerda veio de seu interesse pelos anos 1960 e
1970, mais especificamente sobre a ditadura militar. “É uma época muito
recente e próxima da minha geração e sobre a qual se fala pouco. A gente
cresceu anestesiado politicamente. Existe uma diferença entre os jovens
daquela época e os de agora, dos anos 1990 e 2000. O filme é uma
vontade minha de entender um pedaço da história sobre o qual sabemos
pouco do ponto de vista humano”, revelou o artista, que ainda está em
fase de captação de recursos para começar a filmar em 2016, quando o
roteiro estiver definido. “E é um roteiro complexo. É algo que eu também
senti ao fazer o "Narcos", na Colômbia. Tem um limite ético quando você
trata da vida de pessoas que existem ou existiram e ao mesmo tempo você
está fazendo uma obra de ficção. Exige um cuidado”, explicou. Quando o
entrevistador comparou a politização da juventude de hoje, atribuindo a
ela a característica de “menos utópica e mais pragmática”, Wagner disse
que a considera mais politizada que a dele, e que na sua época o
movimento dos caras-pintadas foi um híbrido de revolta política com
oba-oba. O ator baiano comentou ainda a prisão de José Dirceu, que foi
uma figura importante na época da ditadura. “A gente sempre viveu
achando que no Brasil quem tinha poder não ia para a cadeia. Nesse
sentido, a prisão dos empreiteiros e dos políticos relacionadas ao
mensalão e à Lava Jato é simbolicamente muito importante para um país
que tem a impunidade em seu cerne. Apesar de eu não conseguir entender a
"reprisão" do Dirceu pelo aspecto jurídico. Ele já não estava preso? Me
parece um negócio estranho, mas acho bom que figuras importantes da
política possam ir para a cadeia. É um exemplo positivo para o povo
brasileiro”, disse.
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