Por: Claudemir Zafalon
As recentes medidas protecionistas dos Estados Unidos estão provocando ondas de incerteza nos mercados agrícolas globais, impulsionadas pela volatilidade cambial. A recuperação do dólar nesta manhã acendeu novo sinal de alerta, pressionando os preços de commodities agrícolas, especialmente o cacau.
A cotação do cacau em Nova York voltou a disparar na última sessão, refletindo preocupações crescentes com a próxima safra africana. A combinação entre chuvas tardias e perspectivas de produção frustrantes em países-chave como Costa do Marfim e Gana provocou um salto de US$ 323 por tonelada no contrato de maio, que encerrou o dia cotado a US$ 9.291/ton, após oscilar entre US$ 8.884 e US$ 9.492. O volume negociado foi expressivo: 17.230 contratos apenas no vencimento de maio, com um total geral de 54.776. O interesse em aberto caiu 1.022 posições, fechando o dia em 111.158 contratos.
Segundo relatório do Rabobank, o clima desfavorável comprometeu o desenvolvimento da safra temporã africana. Produtores locais relataram baixa produtividade, frustrando as expectativas do mercado e adicionando mais incertezas à oferta global da commodity.
A fraqueza do dólar na sessão anterior também contribuiu para a alta, tornando o cacau – cotado em dólar – mais acessível para investidores internacionais. Em contrapartida, em Londres, o mercado operou em baixa devido à valorização da libra esterlina. A imposição de tarifas por parte do ex-presidente Donald Trump sobre países produtores de cacau acabou por beneficiar indiretamente as indústrias europeias de chocolate, que agora desfrutam de vantagens competitivas sobre suas rivais americanas.
Enquanto isso, os estoques certificados nos portos dos EUA monitorados pela ICE apresentaram leve aumento, totalizando 1.863.172 sacas, sinalizando que, ao menos por ora, há algum alívio no fornecimento físico do produto.
No mercado cambial, o contrato futuro de Real x Dólar com vencimento para 30 de abril, negociado na CME, mostra firmeza nesta manhã, sendo cotado a R$ 5,705, refletindo também o nervosismo dos investidores com o cenário externo e as pressões inflacionárias sobre alimentos.
Com a instabilidade climática na África, políticas comerciais agressivas e a dança das moedas no centro do palco, o mercado do cacau segue extremamente sensível – e cada movimento pode significar novos recordes ou reviravoltas para os próximos dias.
Fonte: mercadodocacau
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