O início desta semana é marcado por um forte sentimento de aversão ao risco que tomou conta dos mercados financeiros globais. A tensão generalizada está pressionando os preços de ativos e commodities agrícolas, incluindo cacau, café e açúcar, enquanto cresce o temor de uma recessão nos Estados Unidos e, possivelmente, em escala global.
O alerta mais recente veio do banco JPMorgan Chase, que atribui 60% de probabilidade à possibilidade de uma recessão norte-americana. De acordo com o banco, as recentes políticas protecionistas adotadas por grandes potências, especialmente os Estados Unidos, estão minando a confiança no crescimento econômico global.
Tarifa de Trump Abala o Comércio Mundial
O cenário se agravou com a nova rodada de tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. As medidas atingem em cheio importantes países exportadores de alimentos. Entre as principais ações está a taxação de 21% sobre o cacau da Costa do Marfim — maior produtor mundial — e de 46% sobre o café do Vietnã, segundo maior fornecedor global da bebida.
Além disso, produtos de cacau processado importados da União Europeia, Malásia e Indonésia agora enfrentam tarifas de 20%, 24% e 32%, respectivamente. A reação da China não tardou: o governo de Pequim anunciou na sexta-feira suas próprias taxas sobre importações americanas, aprofundando o clima de guerra comercial.
As consequências foram imediatas nos mercados futuros. Em Nova York, os contratos de cacau com vencimento em maio despencaram 8,4%, encerrando a sexta-feira a US$ 8.512 por tonelada, após oscilarem entre US$ 8.450 e US$ 9.335. O volume negociado no dia foi de 24.882 contratos, com um total de 49.199 contratos em aberto. O interesse em aberto caiu 7.158 posições, encerrando em 103.907 contratos.
Na bolsa de Londres, os futuros do cacau também recuaram 4,7%, cotados a 6.370 libras por tonelada.
Os estoques certificados nos portos norte-americanos, monitorados pela ICE, caíram 13.633 sacas, totalizando 1.849.539 sacas.
Café e Açúcar Também Sentem o Golpe
Os futuros do café arábica caíram 5,1%, negociados a US$ 3,657 por libra, enquanto o robusta perdeu 4,8%, cotado a US$ 5.128 por tonelada. A perspectiva de tarifas elevadas sobre o café vietnamita pode praticamente eliminar sua presença nos EUA, segundo negociantes do setor. Um deles afirmou que a diferença de preço entre o robusta vietnamita e o brasileiro, com a tarifa aplicada, pode chegar a US$ 1.944 por tonelada.
“O momento é crítico. Os torrefadores americanos já enfrentam dificuldades para repassar os preços ao consumidor final. Com essas tarifas, a pressão será ainda maior”, comentou um analista de mercado.
Expectativas e Próximos Dados
Os mercados aguardam com apreensão as próximas divulgações de dados sobre as moagens de cacau. Os números referentes ao primeiro trimestre de 2025 na Europa e América do Norte serão divulgados no dia 17 de abril, às 03h e 17h (horário de Brasília), respectivamente.
Enquanto isso, o contrato futuro de Real x Dólar com vencimento em 30/04/2025 está operando firme nesta manhã, cotado a R$ 5,95. Já o valor do depósito de garantia para contratos de cacau na bolsa de Nova York segue em US$ 12.452 por contrato.
O cenário é de cautela máxima. Com os mercados voláteis e as cadeias globais de suprimento sob ameaça, investidores e analistas monitoram de perto os desdobramentos econômicos e geopolíticos que podem definir os rumos do comércio agrícola global nos próximos meses.
Fonte: mercadodocacau
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