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Guerra tarifária de Trump agora mira filmes produzidos no exterior; veja reações

 Presidente anuncia tarifa de 100% sobre filmes produzidos fora do país para forçar Hollywood a retomar filmagens em solo americano, argumentando que se trata de uma questão de "segurança nacional"


O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou neste domingo, 4, que vai impor uma tarifa de 100% sobre filmes produzidos fora do país. Segundo o líder americano Hollywood “está morrendo muito rapidamente” diante de incentivos fiscais oferecidos por outros países para atrair produtoras americanas, classificando a situação como uma questão de “segurança nacional”.

“Isso é um esforço coordenado por outras nações e, portanto, uma ameaça à segurança nacional. Além de tudo, se trata também de mensagem e propaganda”, disse Trump na rede social Truth Social. “Queremos filmes feitos na América novamente”, concluiu.

A medida se aplica a filmes totalmente estrangeiros e também a produções de estúdios americanos gravadas fora do território dos EUA.

O presidente, porém, não deixou claro se a medida se aplica a filmes disponíveis em serviços de streaming, bem como àqueles exibidos nos cinemas, ou se seriam calculadas com base nos custos de produção ou na receita de bilheteria. A Motion Picture Association, que representa os grandes estúdios de Hollywood, não comentou o assunto até o momento.

Em janeiro, Trump nomeou um grupo de atores conservadores de Hollywood que incluía Jon Voight, Sylvester Stallone e Mel Gibson para, segundo ele, tornar hub de produção de filmes americano “maior, melhor e mais forte do que nunca”.

Mas muitas produtoras ainda preferem gravar filmes e séries em locais onde há incentivos fiscais que tornam as filmagens mais baratas. Governos ao redor do mundo aumentaram créditos e isenções para atrair produções e capturar uma fatia maior dos 248 bilhões de dólares (R$ 1,3 bilhão) que a Ampere Analysis prevê que serão gastos globalmente em 2025 para produzir este tipo de conteúdo.

Todas as grandes empresas de mídia, incluindo Walt Disney, Netflix e Universal Pictures, filmam no exterior, em países como Canadá e Reino Unido. As ações da Disney, Warner Bros Discovery, Paramount Global e Amazon.com abriram em queda no início do pregão desta segunda-feira.

Reação imediata

Lideranças políticas da Austrália e da Nova Zelândia já responderam ao anúncio de Trump, dizendo que defenderão suas indústrias locais. Alguns filmes de super-heróis da Marvel, por exemplo, foram filmados na Austrália, enquanto a Nova Zelândia foi o cenário para a franquia O Senhor dos Anéis.

O sindicato britânico de mídia e entretenimento Bectu também pediu ao governo que agisse rapidamente para proteger a “vital” indústria cinematográfica do país.

“Essas tarifas, vindas após a covid-19 e a recente desaceleração [da economia], podem dar um golpe fatal em uma indústria que está apenas começando a se recuperar”, disse Philippa Childs, chefe do Bectu.

A medida de Trump também ameaça dezenas de milhares de empregos de freelancers que trabalham em produções no Reino Unido, continuou Childs.

A produção de filmes e séries de alto orçamento no Reino Unido foi avaliada em 5,6 bilhões de libras (R$ 41,3 bilhões) em 2024, um aumento de 31% em relação a 2023, segundo o British Film Institute.

‘Mais a perder do que a ganhar’

Em 2023, cerca de metade dos gastos de produtores americanos em projetos de filmes e séries com orçamentos superiores a 40 milhões de dólares (R$ 225 milhões) ocorreu fora dos EUA, segundo a empresa de pesquisa ProdPro.

A produção de filmes e televisão caiu quase 40% na última década na cidade natal de Hollywood, Los Angeles, de acordo com a FilmLA, uma organização sem fins lucrativos que monitora a produção na região.

Os incêndios florestais de janeiro que devastaram bairros inteiros aumentaram as preocupações de que produtores possam buscar locais fora de Los Angeles, e que operadores de câmera, figurinistas, técnicos de som e outros profissionais possam se mudar em vez da região.

Uma pesquisa da ProdPro mostrou que a Califórnia era apenas o sexto local preferido por executivos para rodarem filmagens nos próximos dois anos, atrás de Toronto, Reino Unido, Vancouver, Europa Central e Austrália.

Produtores de Hollywood e sindicatos trabalhistas têm pressionado o governador da Califórnia, Gavin Newsomm, a aumentar os incentivos fiscais do estado para competir melhor com outros locais.

A tarifa proposta por Trump para filmes segue uma série de conflitos comerciais iniciados por sua administração, que agitaram os mercados e geraram temores de uma recessão nos EUA.

O ex-funcionário sênior do Comércio americano, William Reinsch, atualmente pesquisador no Center for Strategic and International Studies, disse que retaliações contra as tarifas sobre filmes de Trump seriam devastadoras.

A retaliação vai matar nossa indústria. Temos muito mais a perder do que a ganhar”, disse ele, acrescentando que seria difícil justificar a medida sob uma ameaça de segurança nacional, como o republicano fez em sua recente guerra tarifária.

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